A via em amarelo é a parte elevada que seria construída depois, mas mesmo sem ela toda uma região seria demolida, vemos a largura da parte de superfície da av. numa parte cinza clara acompanhando a via elevada.
Identificarei as ruas, a larga avenida bem no meio da planta é a Av. Pres. Vargas, a rua perpendicular à ela no topo da planta é a Av. Passos e a inferior acredito que seja a rua dos Andradas.
Na parte direita da foto vemos que ao cruzar a Av. Pres. Vargas e rua Marechal Floriano, ela também promoveria uma total reformulação de toda a região, a rua Senador Pompeu seria totalmente alargada, e a continuação da rua dos Andradas prolongada até o novo alinhamento da Sen Pompeu.
Haveria também um túnel através do morro da Conceição que faria a Av. Norte Sul se encontrar com a também projetada Av. Perimetral na região portuária.
Toda essa ameaça levou os comerciantes da região da rua da Alfândega a se associar contra ela, surgindo então a SAARA, inicialmente como uma associação para a defesa de seus negócios e hoje uma marca registrada de comercio popular em nossa cidade.
Nos primeiros anos do governo da Guanabara os comerciantes conseguiram de Carlos Lacerda a palavra que a Av. Norte Sul não seria realizada, abrangendo apenas a parte da Esplanada, inclusive seu traçado foi desviado em direção a rua do Lavradio quando da abertura da atual Av. república do Paraguai.
Durante um tempo se pensou que os imóveis na “linha de tiro” da avenida estavam poupados de atabalhoadas reformas urbanas, Lacerda inclusive começou melhorias em várias ruas dessa região, e restaurou os Arcos da Lapa ao seu feitio colonial, uniformizando as arcadas alargadas durante os anos embaixo das ruas do Riachuelo e Mem de Sá.
Mas no primeiro governo Chagas Freitas, grande parte da Lapa foi arrazada, com a desculpa de se melhorar a visão dos arcos, mas demolições seguidas começaram na área de onde passaria a descartada avenida, até serem obstadas nos anos 80 com o tombamento de vários imóveis e o recrudescimento da área do corredor cultural, mas muitos imóveis e dois quarteirões da Lapa desapareceram para nada, 10-15 anos depois dos planos para a avenida terem sido abandonados.
Comments (21)
Pelo que se vê, toda a região da hoje SAARA entre Andradas e Av. Passos deixaria de existir… No fim das contas, foi o que acabou sendo feito, em menor escala, com a construção do Metrô na Uruguaiana.
Aliás essa é outra região que merece uma série de posts… já ouvi dizer que o projeto da estação previa a construção de edifícios sobre ela.
Que interessante!!!
Eu sou ruim de ler mapa, mas com sua explicacao, tudo fica mais clara!
Boa 4af!
Mais uma imagem com explicação perfeita!
O pior de nossos des governos é a falta de respeito com o q foi feito pelo antecessor… nunca se sabe em q direção caminharão as coisas a cada dança de cadeiras!
*s Bom dia!
Com relação ao /jban:
Se é na praia do Flamengo, aquele morro à direita então deve ser o morro da Viúva.
Certo???
CERTO !! 🙂
André,
tenho aquela foto do meu post em grande formato com excelente resolução. me avise se você quer.
Sobre o post: Excelente material, André. Não conhecia o projeto. É a prova cabal que as coisas sempre podem (ou poderiam) ser piores.
Quanto à demolição promovida pelo Sr. Chagas Freitas na Lapa, foi um crime. O Bairro perdeu quarteirões, caracteristicas, moradores, histórias e trocou pelo que ? Um deserto árido de praças que ninguem usa, porque estão cheias de mendigos e menores cheirando cola e assaltando os transeuntes desavisados. Aquela arena em frente aos Arcos somente é usada para a encenação da paixão de Cristo durante a Semana Santa. As demolições causaram ou aceleraram a decadência do bairro. O pior de tudo é a visão horrenda da Catedral por trás dos Arcos da Lapa.
Meus avós maternos e paternos moraram na Lapa durante muitos anos e eu sempre ia visita-los. Saíamos da Missa na Igreja do Carmo, compravámos pão, presunto e outras cositas na Padaria Monroe e no Armazém do Elias (já não existem) e íamos até a Rua Joaquim Silva, onde eles moravam para fazer um lanche… Lembro bem do Largo da Lapa antes da destruição.
Às vezes penso que temos complexo de cidade Européia e temos que arrasar quarteirões só para deixar-los vazios, como se tivessemos sido bomberdeados pela Luftwaffe ou pela USAF ou RAF…
João Novello
Mais uma vez, em nome do “progresso” estruturou-se uma razia (na acepção do termo) num dos mais belos exemplos de um Rio que passou.
Quis a sorte que as coisas não se concretizassem; só a sorte nos salva, benza deus!
Mas agora me diz e eu tenho ou não tenho razão.
Toda essa destruição não tinha por finalidade melhorar o transporte de massa da cidade, não. Tinha, isso sim, o objetivo de facilitar o transporte burro e egoísta de um passageiro por 4 ou 5 metros quadrados. Sem falar em poluição, desperdício e doença.
Ninguém, é claro, pode ser contra o autómovel. O que não podemos ser a favor é a ditadura do transporte individual.
Um “arrasa-quarteirão” tamanho “extra large”!
http://fotolog.terra.com.br/luizd
Estou aqui analisando o que seria perdido com esta construção… o IFCS, o Real Gabinete Português de Leitura, sem falar em todo o casario em volta… o João Caetano daria fundos para a avenida…
Fico pensando se a Presidente Vargas também não tivesse saído do papel. Hoje veríamos o projeto e pensaríamos: “iam destruir a Prefeitura, a igreja de S.Pedro”… só não imagino como seria o trânsito do Centro nesse “presente hipotético”.
Nossamaedocéu!
Seria um transito que privilegiaria o transporte coletivo: Metro, Bonde, ônibus na periferia do Centro.
Por que AG acha que ninguém pode ser contra o automóvel? Isso é muito autoritário. Eu, por exemplo, sou contra. Sempre fui. Acho o fim da picada automóveis. Não evolui, esse troço… Já deveria haver outra coisa: patinetes, esteiras rolantes, sei lá… Enquanto houver petróleo, enquanto houver barril, presente está a turma do funil (funilaria, no caso).
Acho que vou virar Amish e mudar para uma vila sem eletricidade e sem carros. É possível viver sem carro. Muito bom, aliás, se vivêssemos. Carros deveriam ser públicos. Carro particular é o acinte do individualismo.
O Plano 1000-B incluia tb o metrô. So nao sei o traçado e tomanho dele.
Agora, o centro do Rio sem o SAARA é covardia. Se a Norte Sul fosse construida anos de historia esraim perdidos, como muita coisa ja foi posta abaixo.
:-)))
O Jason hoje me mata!
Vou melhorar minha posição: aceito carro. Mas acho impossível todos terem. O Presidente da Shell já falou outro dia que, se cada chinês comprar uma scooter, teremos que racionar combustível. Portanto, e por aí, vc vê o absurdo cultural que é o automóvel particular.
Mas eu sou Napoleão de hospício, não leve à sério o que eu digo.
Abração!
Leflaneur, não sou contra o automóvel. Sou contra o uso que se faz do automóvel; ou que certos usuários fazem dele.
Tem cabimento, num momento como o nosso, existirem carros que aceleram de 0 a 100 em 3 segundos ? Bólidos que chegam a 300 quilometros sem nenhum esforço ?
E o despropósito que é o trânsito hoje. Sai agora na Rio Branco no Rio, ou na Paulista em Sampa, ou Av. Amazonas em BH ou Sete de Setembro em Salvador e você vai ver o caos em matéria de movimentação urbana.
Aí, por curiosidade, você conta o numero de pessoas transportadas e divide pelo número de energia gasta por veículo. Está explicada a tragédia do mundo automotivo em que vivemos.
Só quem está ganhando com isso são as grandes petrolíferas e as grandes montadoras. A Petrobrás enche o peito em suas propagandas. Eu, se fosse, ela ficava caladinha, caladinha.
Petróleo: o quinto cavaleiro do apocalipse.
Adoro carros, adoro dirigir, mas para ir ao trabalho todo dia sou muito mais um metrô…
Ainda estou absorvendo a quantidade de informação dos últimos três posts.Assim que completar,eu comento.Mas,como uma prévia,parece que este plano,se implementado,quase acabaria com o Centro,como nós o conhecemos.E o pior,não iria ser totalmente realizado,porque as obras certamente levariam mais tempo do que o mandato. Isso se já não parassem no meio,sob acusações de superfaturamento,desvio de verba, e outras coisas que,felizmente,não acontecem mais hoje em dia. 🙂
Mais uma vez fico feliz em saber que uma aberraçao como essa nao saiu do papel, realmente eu achava dificil imaginar que poderiam ter destruido muito mais do que fizeram com o centro do Rio, mas agora vejo que talvez por pura sorte alguma coisa foi salva.