Vou fazer uma pequena série sobre o suicídio de Getúlio Vargas, sem dúvida o estopim da mesma foi a tentativa de assassinato do então jornalista Carlos Lacerda, na porta de seu edifício o Albervânia, esse crime se tornou conhecido como o Atentado da Rua Toneleros, com o nome da rua grafado errado mesmo.
Até hoje esse crime que causou a morte do Major-Aviador Rubens Vaz, não está totalmente esclarecido, existem várias versões, uma inclusive bem interessante do único acusado ainda vivo Alcino João do Nascimento, autor dos disparos que matou o major, afirma até hoje que não foi dele a autoria dos tiros, mas sim Lacerda que começou a atirar freneticamente a atingiu seu segurança pelas costas, caindo em cima de Alcino que acabou a queima roupa dando apenas um tiro no peito do major, que segundo ele já estava morto.
Há inclusive um livro escrito por ele e outros autores, no qual ele pinta o episódio com tintas de uma grande teoria conspiratória internacional contra o Governo nacionalista de Getúlio.
Dizem inclusive que o tiro no pé de Lacerda, ou nunca tenha existido, sido apenas uma forma de dramatizar mais ainda a situação, ou dado por ele mesmo, acidental ou propositadamente, pois o laudo pericial e a parte da perícia sumiram, embora existam boatos que a bala no pé de Lacerda fosse de calibre 38, enquanto a arma de Alcino era uma 45 de uso exclusivo das forças armadas.
Com o crime o clima que esteve quente meses antes. Voltou a ficar literalmente fervente, jornais como a Tribuna da Imprensa de Lacerda, acusavam diretamente o presidente como mandante do crime, para silenciar a oposição, o fato de Getúlio ter sido um ditador fascista por muitos anos dificultava sua defesa.
Outros jornais como O Globo, A Notícia, e até o moderado Correio da Manhã abriram suas baterias primeiramente contra a brutalidade do crime e a morte do Major, exigindo investigações urgentes e corretas, e depois numa onda de denuncias, colocar na mídia negociatas feitas por parentes e pessoas próximas à Vargas, como até inquéritos policiais onde o presidente era acusado de homicídio ainda nos anos 20.
No dia seguinte do atentado e durante o velório do major, no clube da Aeronáutica, localizado na antiga Estação de Hidros, na praça Marechal Ancora e até seu enterro, jovens oficiais, e alguns militares de alta patente, alguns já reformados se insurgiam contra o governo, num claro sinal que um novo golpe militar se aproximava.
Após o enterro, Lacerda em seu apartamento articulava o que seria uma das maiores e mais fortes, e também a mais curta onda oposicionista que um governo presidencial já sofreu em nosso país.
Comments (18)
Cinqüenta anos se passaram. Parece que foi ontem.
Seja bem-vinda a nova série.
É dos episódios que mais me interessa na história do país.
Aliás, todo o governo Vargas é interessante.
O pior é ter a certeza que continua tudo igual…
E o tal memorial ao Getúlio é um atentado ao bom gosto…
Grande André. Essa série promete. Vou acompanhar… Abração.
O Rio tem alguns casos memoráveis: o caso Ainda Cúri, o caso Tenente Bandeira, o caso Dana de Tefé e por aí vai. Mas acredito que nenhum tenha mais importância na história do Brasil do que está que o André nos promete como série no fotolog. Vou acompanhar rente que nem pão quente.
Já ouvi de boa fonte que essa história foi mesmo uma armação contra Getúlio, tendo o Lacerda como protagonista e um dos principais interessados.
Também teriam sido articuladas internacionalmente a renúncia de Jânio Quadros, a Revolução de 64 e as mortes de Castelo Branco (o avião em que viajava caiu após ser abalroado por um jato da FAB), Costa e Silva (teria assinado uma emenda constitucional já morto, com as mãos mexidas através de “cordinhas”, para aparecer no filme do noticiário), Tancredo Neves (diverticulite agravada por problemas caríacos, pulmonares e infecção num hospital militar), Juscelino Kubitschek (acidente de carro com ônibus da Cometa, na Via Dutra,em Itatiaia, RJ)e por aí vai uma fértil lista de paranóia – ou não.
Abraços
Copacabana ruled naquele tempo. Moravam ou tinham apartamento lá, toda a elite política do Brasil.
Os milicos da aeronautica formaram a “Republica do Galeão” para investigar extra oficialmente esse caso.
Leflas, os chiques também moravam, e bem, na praia do Flamengo, alguns prédios da Senador Vergueiro e Margues de Abrantes, as pequenas ruas perto da Oswaldo Cruz e na própria, e na Rui Barbosa….e depois nos prédios de Copa, que começava a ser especulada prá valer nessa época !!
que impressionante ver essa fotografia, me lembro de ter visto essa foto na época.. lembranças desse tempo que passou. abraços
Doutor André,
Manda o Lacerda largar aquele cigarrinho antes que acabe queimando o estofamento do sofá :-))
Quanto a cor do Jipe, creio que o Artesão Tuminelli poderá ter a resposta, uma vez que ele é amigo do dono e conhece até suas intimidades.
DO JIPE!
INTIMIDADES DO JIPE, CLARO!
JRO :-)))))))))))))))
André Decourt é cultura!
Quanto a história do tiro no pé, não acredito que tenha acontecido. O Lacerda não faria uma coisa destas. Meu tio era amigo dele, e sempre negou que isto tivesse acontecido. Abs
Muito legal
Muito bom , André , e ainda parece que não havia sangue no elevador em que Lacerda teria subido , supostamente com o pé ferido !
adorei minha foto de biquíni tomando Crush e ouvindo Rita Pavone no radinho de pilha na praia de Paquetá ! : ))
Tem um presente pra voce e pro Roberto la no meu flog
Essa serie vai ser boa pelo jeito !!!
Bem, eu estava numa escola secundaria quando Getulio era ditador, quando ele ficou presidente eu ja estava aqui no EEUU. Eu lí que ele (Getulio) disse que foram “forças ocultas” que o fizeram se matar. O Getulio tomou o governo inicialmente, quando era ditador, de um presidente que foi eleito legalmente, e fiquou ditador por uns 14 anos. Por causa disso, ele fez a ditadura do generais mais facil depois de Janio Quadros.
Todos os textos que li a respeito do caso informam que Lacerda foi atingido no pé direito. Porém, todas as fotos mostram Lacerda com o pé esquerdo enfaixado.
Fica a questão: Lacerda era canhoto? Caso não o fosse, não se sustentaria a versão de que ele mesmo teria atirado contra o próprio pé ao tentar sacar sua arma.
Qualquer um que já tenha tido uma instrução de tiro sabe que só se deve levar o dedo ao gatilho quando a arma já estiver apontada para o alvo. O disparo no pé é possível se Lacerda sacou a arma com o dedo no gatilho, mas o mais provável seria atirar no pé correspondente ao lado da mão forte.