Nossa foto de hoje mostra a sitiada Rua Visconde de Ouro Preto durante as obras da nova canalização do Rio Banana Podre em março de 1957. As obras inciadas em novembro de 1955 tinham como objetivo a instalação de novas galerias para o rio, já perto da praia de Botafogo onde com as obras da Park Way estava sendo implantada uma galeria de cintura, que conduziria não só as águas do Banana Podre como do Berquó para o novo trecho aterrado junto a Av. Pasteur, que seria conhecida como Av. Reporter Nestor Moreira, e que prometia resolver as enchentes do bairro e a poluição da Enseada.
A obra que deveria transcorrer em poucos meses se transformou num calvário para os moradores da rua pois o velho subsolo simplesmente escondia um caos, não só da velha galeria do séc. XIX bem como tubulações de água pluviais, doce, esgoto e gás distribuídas de maneira errática além do solo pantanoso que necessitou ser estaqueado.
Os moradores conviveram por mais de ano e meio com desabamentos, vazamentos de gás, falta d’água, inundações, poeira e lama, sendo a rua pavimentada somente em meados de junho de 1957.
Apesar de ser uma rua pequena as transformações com a construção de novos prédios, a passagem do metrô com a abertura do prolongamento da Rua Muniz Barreto torna difícil a exata localização do trecho da rua, possivelmente os belos palacetes que vemos na direita da foto tombaram para a construção de prédios residenciais e um pequeno trecho de muro nos indique um dos poucos sobreviventes, o que abriga hoje o IBEU de Botafogo e por ser o mais acanhado deles estava encoberto pela vegetação.
O terreno vazio que expõe restos de demolição, também na direita possivelmente estava sendo preparado para a construção do pernicioso Ed. Ópera, um dos monstros que desvalorizaram a praia de Botafogo, construídos pela Cia. Franco Brasileira, que com a desculpa de construção de cinemas os coroava com verdadeiros balanças por cima das salas. Pois uma pesquisa na hemeroteca da BN mostra já os anúncios do prédio na época desta foto.
No lado esquerdo outro terreno, tomado pelo capim, com o muro em ruínas impressiona como ainda havia espaços livres na cidade as portas dos anos 60.
Um dos postes de iluminação incandescente, que sobrevive tomado pela ferrugem, pode nos indicar o correto lugar onde o fotógrafo estava, definitivamente outra rua e outro mundo.
Sabemos muito bem que as promessas feitas em 1957, tanto para o fim das enchentes e poluição da Enseada não foram cumpridas. A área da velha Chácara do Berquó (ruas Mena Barreto, Teresa Guimarães, Paulo Barreto, Gal. Polidoro, Arnaldo Quintela, Álvaro Ramos etc…) só tiveram seu suplício minorado quando da abertura da Rua Professor Álvares Rodrigues e sua gigantesca galeria de águas pluviais com seção quadrada de praticamente 2×2 metros. E a Enseada com galeria de cintura e emissário continua sendo vítima da poluição geral da baia e dos despejos criminosos da CEDAE na velha elevatória da City da Av. Pasteur.
Botafogo sempre foi um bairro problemático por motivos que variam de acordo com a época mencionada. Nos anos 50, como mostrado hoje pelo André Decourt, entre outros, a questão do saneamento trouxe transtornos. Outro detalhe importante é a quantidade de construções do tipo “balança”, prática proibida pela prefeitura do D.F em 1957. O caso do “Coral”, é realmente lamentável. Tive oportunidade de certa vez, por motivos profissionais, de conhecer o interior desse prédio. Apartamentos minúsculos de menos de 20 metros quadrados, onde moram pessoas em uma quantidade inimaginável por unidade. Pessoas humildes e sem qualificação profissional, muitas ligadas à prostituição e ao lenocínio, pederastas, travestis, e assemelhados, são a “quase maioria”. Mas Botafogo não é o “campeão” dessas construções. Copacabana e Catete também ” correm por fora”…
Possivelmente Copa tem mais desses balanças, o problema que em Botafogo eles foram construídos no que poderia ser o melhor endereço do bairro, com uma visita deslumbrante.
Se o caso do “Coral” é lamentável, imagina então o do “Solymar” (antigo “Rajah”). Quem já entrou ali alguma vez sabe o quanto é, era tenebroso. Além de boca de fumo, tinha até cemitério clandestino.
Realmente um crime o que a CEDAE faz. Trabalhei muitos anos nessa rua nos anos 80 /90 num prédio alugado pela Nuclebras Engenharia , e sofríamos com as enchentes no bairro.
O mesmo aconteceu aqui na Avenida Maracanã, dos 4 reservatórios apenas dois ficaram prontos parcialmente e o problema das enchentes continua.
Destaco na foto o poste de iluminação bem ao gosto do Andre.
Não sou nenhum “Do Contra” mas gostaria de saber que tipo de “autoridades urbanísticas” permitiram a construção desse tipo de pardieiros no passado! Eu tenho a planta de lançamento do Edifício Alaska, datada de 1952. Os apartamentos chegam ao cúmulo de 18 M2 e com a tal “corruptela de “kitchens” [quitinete], que não passa de um armário raso! A justificativa para esses imóveis era a de “desfrutar fim de semana ou temporadas” na zona sul em uma época sem os grandes túneis e o Metrô. Famílias inteiras da zona norte venderam seus imóveis e “se ferraram”. Essa foi uma das principais causas da decadência de Copacabana e bairros adjacentes. Copacabana e Botafogo com os seus “rendez-vous”, foram os “campeões” da pederastia, da viadagem, das garotas de programa, e obviamente das drogas, já que onde existe comércio de sexo, a droga invariavelmente está adstrita. O Catete e a Glória, por exemplo, são sucursais do nordeste, onde o “pra pudê fazê”, “quando nóis vinhé”!”, o “visse?”, e o “num sabi?”, são mais ouvidos do que as frases pronunciadas em português formal, tudo em razão da proliferação desse tipo de apartamentos. Daí eu pergunto ao André, que é uma palavra abalizada: Não teria “rolado muita grana” na era “pós Vargas” na prefeitura do Distrito Federal para que se aprovassem projetos desse tipo? Mesmo após 1957, ano do Decreto que proibiu tais construções, muitos imóveis do tipo ainda foram construídos ao arrepio da Lei, bem como desprovidos de vagas de garagem, conforme o mesmo decreto, o qual me foge o número. Os “Paes”, os “Maias”, e os “Crivellas”, tem antecedentes…
Certa vez peguei uma enchente em Botafogo que levei 4 horas para chegar em casa.
E isso, claro, residindo na Zona Sul.
Mas na questão das enchentes, o RJ sofre desde sempre com esse mal.
Veja, por exemplo, as chuvas de 1966, 1981, e 1988.
Vejo ruas na Zona Sul em área nobre de que, basta chover para ficar imediatamente alagada.
Creio de que isso vem também da educação do povo dessa cidade que, diga-se de passagem, não tem nenhuma, e continua a sujar as ruas com lixo.
Em relação as habitações na Praia de Botafogo, também sou da mesma opinião do André.
Uma vista maravilhosa com uma porcaria de edifícios como aquele onde há uma lanchonete na esquina, quase chegando ao Shopping Praia de Botafogo, ou então o Edifício Coral já citado.
Infelizmente, favelas, cortiços, pardieiros, cabeças de porco, é algo natural em nossa cidade desde sempre como em várias cidades pelo mundo como Nova York, Londres, Paris, por exemplo.
O que acho interessante é que lá fora, as autoridades criam guetos que as vezes é até longe das áreas nobres.
Aqui, em plena Zona Sul, há favelas e todo o tipo de lixo habitacional que se usa para acomodar pessoas oriundas de outros Estados da Federação que muito bem sabemos qual é, bem como de países da América do Sul, da América Latina, e até da África.
Esse é o Brasil, o “país do futuro”.
O comentário do Randy é perfeito. Ele parece ser um grande conhecedor do Rio de Janeiro. Mas continuo a achar que Niterói é insuperável.
é sério que o dono desse blog vai permitir comentários racistas, xenófobos e com todos os outros tipos de preconceito com o desse Joel? Caso de denuncia na delegacia de crimes digitais!
Cada um que responda com a dentina da sua consciência. Todos são maiores e vacinados
…legal ver uma imagem antiga!
Alias muita coisa da cidade permanece até hoje/em construções executadas há tempos.
O que me destaca na rua seria o famigerado HOSPITAL. Lembro que um familiar fez um procedimento cirúrgico há tempos (meados de 1991) _ onde o pós operatório foi longo mesmo (até o analista veio em casa visitar).
Há uma rua aqui em Porto Alegre de nome parecido – Rua Visconde do Rio branco; onde quando vim morar aqui sempre confundia, via bonita: próxima de onde resido.