Uma Duplicação sem Memória e sem Responsabilidade

 
Semana passada a prefeitura do Rio lançou mais um de seus planos, mais um daqueles que poderão nunca sair do papel, como a modernização do Rebouças, o Aquário, ou então aqueles mal feitos, como os planos do Binário do Porto, que desovava milhares de carros por hora na Av. Rio Branco ou dos BRTs onde deveriam trafegar VLTs e não ônibus a diesel. Falamos da duplicação do precário Viaduto do Joá.

 

O viaduto, por uma série de problemas, mas sem dúvida o trinômio arrocamento mal dimensionado/capa de concreto fina/e falta de manutenção na época pós-fusão, está condenado para sempre. A obra de arte de engenharia, se arrastará viva por mais algumas décadas a custa de caríssimos remendos, mas seu colapso é certo, isso já desde os anos 80 quando se descobriu os primeiros danos, que eram gravíssimos, na época se estivéssemos num país sério as soluções para substituí-lo deveriam ter sido implantadas a médio prazo, mas nunca o foram.

A prefeitura alega que o viaduto está saturado, embora não alegue que esteja condenado, embora esteje, só não cairá amanhã; e que o mesmo é uma rolha na comunicação entre a Barra e a Z. Sul e Centro. Ora ao contrário de muitas vias de nossa cidade o viaduto do Joá faz parte de um plano de ocupação de uma grande área, no caso a Baixada de Jacarepaguá pelo Plano Lúcio Costa, plano este  hoje se mostra ultrapassado por privilegiar o carro em detrimento do pedestre.
Mas a doída verdade que a região ainda não chegou na capacidade máxima de pessoas planejada pelo grande Urbanista, e o viaduto deveria absorver todo o tráfego desta ligação. Acontece que ele não seria a única, mas um dos modais. Haveria linha de metrô, que já deveria estar pronta há décadas e até hoje não foi terminada e o pior está sendo feita de forma totalmente equivocada, planejada para agradar o setor hoteleiro no pouco menos de mês das OlimPiadas.

Mas no frenesi para se mostrar serviço esqueceu-se o primordial motivo de o viaduto ter sido construído com pistas sobre postas, e passando por de fora do Joá. Já mostramos tal fato há pelo menos 6 anos, mas mostramos e contamos de novo a história:
se planejava a incialmente a construção de duas galerias paralelas, partindo do nível da estrada do Joá no local, mas no início das perfurações a rocha do que seria a galeria sentido São Conrado-Barra se mostrou de má qualidade e frágil, que demandaria na construção de uma abóbada complexa como a do túnel Santa Bárbara, o que encareceria em muito a obra, fazendo a mesma fugir do orçamento.
A solução encontrada foi, já que a outra galeria estava em lote com ótima rocha, foi aprofundá-la criando então uma galeria com dois andares como já era projetado para outros túneis da Guanabara Mudando-se o traçado para fora do morro, para o viaduto que serpenteia o mar em virtude do pouco espaço.
Na foto podemos ver no fundo as duas galerias em construção, do lado esquerdo a galeria que está em uso hoje, e à direita por cima da construção clara a galeria que foi abandonada, envolta em uma rocha de coloração marrom o que atesta a sua baixa qualidade para esse fim.
 
Já que esta “conveniente” verdade foi  “esquecida” pelos nossos administradores possivelmente a obra, que já é cara e sem propósito pois o correto seria fazer um metrô de verdade para a Baixada de Jacarepaguá, certamente custará muito mais cara que o inicialmente licitado pela complexidade da rocha