Leblon, início da década de 50

Nossa foto de hoje, tirada possivelmente da Rua Aperana, mostra o fim da cidade ao sul, o Leblon. Passando o posto do guarda que vemos na direita da imagem, junto ao pequeno ônibus, entrávamos nos territórios dos excurcionistas, veranistas e aventureiros.
O bairro ainda baixo, tomado por telhados, aguardava calmamente a verticalização que iria começar a ocorrer de forma acentuada no final dos anos 60, embora edifícios de 8 pavimentos já existiam de forma esparsa pelo bairro desde os anos 40, isso sem contar com o Conjunto dos Jornalistas que vemos aparentemente em plena construção junto a Ipanema, essa já significantemente verticalizada, no eixo da Rua Visconde de Pirajá pelos lados da Praça Gal. Osório.
A Praça Atahualpa ainda não estava urbanizada, temos uma grama baixa, cortada por uma trilha irregular, mas não há canteiros, calçadas e iluminação pública. Na sua borda com a a Av. Delfim Moreira uma curiosa estrutura aparece por entre as árvores, poderia ser um abrigo de polícia, mas já há um no canteiro central da avenida litorânea. Podemos especular se tratar de uma bomba de combustível, o que é até plausível por estarmos diante de um hotel mantido pelo o Automóvel Club, o furtivo Hotel Leblon.
O prédio que vemos em primeiro plano, de 4 pavimentos, foi um dos primeiros projetos de Lúcio Costa, para sua residência e de sua família, construído quando o Leblon era ainda mais agreste, e isolado. Em um proto-modernismo, que até hoje, mesmo com as várias modificações se mantém, possivelmente sendo o edifício mais velho na orla do bairro e até mesmo de Ipanema. É curioso notar o escalonamento progressivo da fachada, quando mais superior o pavimento. Característica hoje desaparecida na construção.
Os morros do Pavão e Cantagalo, já favelizados, tinham muita vegetação, percebemos os barracos esparsos no segundo, mas longe do verdadeiro absurdo urbanístico dos dias de hoje. Fechando o horizonte podemos vislumbrar a silueta de Copacabana, nessa época em pleno processo de exaurimento pela especulação imobiliária feroz, que décadas depois exauriria Ipanema e agora só espera a APAC ser derrubada para literalmente destruir de vez o Leblon, embalada por novelas do plim-plim.