Avenida-Cidade, projeto fascista para a Praça XI


Não estamos vendo nenhuma maquete para a ocupação de uma área bombardeada em alguma cidade européia sobre a influência soviética logo após a Segunda Guerra, mas sim a Praça XI imaginada pela o urbanismo fascista do Estado Novo na primeira metade dos anos 40.
A imagem mostra o que seria a imaginada zona residencial da nova avenida, que estava destruindo grande parte do centro antigo da cidade, bem como núcleos habitacionais e comerciais em regiões perto do Campo de Santana. Habitados por uma “escumalha” que as mentes eugensitas de várias cabeças do Estado Novo, como Filinto Miller, o Gal. Dutra e muitos membros do Itamarati; normalmente judeus, árabes, italianos, negros e mulatos, espanhóis e portugueses recém migrados. Comunidades essas que além de pobres tinham a desagradável características de se reunirem, fazerem manifestos e criarem associações e jornais internos.
O projeto era simplesmente varrer a indesejável área do mapa, indenizar somente os proprietários e colocar todo mundo na rua, nada muito diferente do já tinha sido feito desde as primeiras medidas saneadoras de Barata Ribeiro no apagar do séc XIX. Mas é nesse ponto que a mentalidade estado-novista, hipertrofiada com simbolismos, resolveu criar um novo bairro, a “Avenida-Cidade”  esse grande conjunto de prédios que ocuparia toda a região anexa à Praça XI que abrigaria nada mais nada menos 910 mil pessoas ( sim isso mesmo !!!! ), aproximadamente pouco menos da metade da população da cidade à época.
Além de ser um devaneio em termos populacionais pois era uma grane concentração em uma área tão limitada geograficamente. Ainda o uso dessa área para tal densidade habitacional ia contra ao movimento espontâneo da população que abandonava as regiões centrais da cidade desde o Período Passos, rumo à Zona Sul e Grande Tijuca e Grande Meyer. Além do início da ocupação intensiva da Zona da Leopoldina incentivada por esse mesmo governo que pela PDF abria avenidas e promovias aterros criando novos bairros do velho recôncavo de Inhaúma, Maria Angu e Acari.
Logicamente  tal devaneio não vingou e até os anos 60 só os prédios do Balança Mais Não Cai tinham sido erguidos e praticamente nada do novo tecido urbano tinha sido executado, permanecendo a área num estado de semi-abandono, segmentada pela Av. Pres. Vargas, mas ainda com vida própria.
Nos anos 70 toda a região foi pulverizada de modo errôneo e o pior, muito do tecido urbano imaginado pelas mentes Estado Novistas foi executado, transformando toda a região no enorme vazio urbano que é hoje.
O post de hoje do Arqueologia do Rio, mostra em uma imagem de 1951 ( http://fotolog.terra.com.br/bfg1:555 ) a região em compasso de espera e elucida que o prédio do Jornal Última Hora já ocupava um dos novos lotes destinados ao natimorto bairro Avenida-Cidade
Notar o facistóide obelisco que ficaria bem no local da velha Praça XI, com imaginados 100 metros de altura que faria o contraponto com a Igreja da Candelária na outra ponta da avenida, marcando certamente a força do Estado. Curiosamente quase no mesmo lugar temos hoje outro parangolé sem nexo. Aquela cabeça que dizem representar Zumbi dos Palmares, mas que é apenas um estudo antropomórfico, pois a verdadeira face de Zumbi ninguém sabe, quando ali deveria estar uma estátua de Tia Ciata, figura aglutinadora dos negros libertos na cidade do Rio nos finais do Sec. XIX e inicio do XX, e que morava na Praça XI.
Do velho tecido urbano só restaria Igreja de Santana, poupada pois essa mesma avenida já estava praticando a destruição de outras 5 algumas de grande valor histórico.