Estamos ainda no Centro, mais precisamente vendo a região do antigo Campo dos Ciganos, Terreiro da Polé, e finalmente sendo divididas entre Rocio e Largo da Sé Velha, hoje respectivamente Praça Tiradentes e Largo de São Francisco.
A foto pela quase total ausência de verticalização na foto inteira deve ser contemporânea da de sexta passada, ou seja início dos anos 20.
Vamos então a foto:
Na parte inferior esquerda, vemos o Largo de São Francisco, com destaque temos o velho templo dedicado a S. Francisco de Paula, no lado esquerdo do templo vemos o prédio da Parc Royal, e podemos ter a exata noção do tamanho do prédio, que era muito mais extenso que a igreja, indo fazer esquina com a rua Sete de Setembro. A fundo do largo temos o prédio da Politécnica, hoje ocupado pelo IFCS, construído no lugar antes destinado para a construção da Catedral da cidade no sec. XVIII, nunca terminada, o prédio usa boa parte dos alicerces que seriam destinados ao templo nunca construído. Podemos reparar que ele ainda não tinha sofrido o acréscimo do último andar, sendo a sua fachada muito mais proporcional que hoje. No meio do largo vemos que as árvores plantadas no período Passos em volta da estátua de José Bonifácio já estão bem grandes, formando uma mancha verde no meio do largo. Na frente da igreja temos o outro prédio alto do largo, se não me engano o prédio da Casa Cruz, de pé até hoje.
Na parte superior esquerda vemos o desembocar das ruas da Carioca e Sete de Setembro na Praça Tiradentes, e nesse pedaço vemos o maior prédio de toda a foto, o prédio do Rio Hotel, um simpático “rasga céu” eclético, que continua exercendo a sua função como hotel de negócios, com a fachada sempre muito bem conservada e o interior modernizado. Aparentemente a Praça Tiradentes ainda possui jardins com aléias gramadas, diferente da esplanada de pedras portuguesas que já existe há praticamente 50 anos no local. Aparentemente o prédio do Teatro Carlos Gomes estava começando a subir, a resolução da foto não nos permite ver com nitidez, mas parece que há prédios sendo demolidos no local.
A parte direita da foto mostra o denso e homogêneo casario das ruas Ouvidor, Rosário, Buenos Aires e Alfândega. Mas junto a Igreja do Sacramento, na esquina da Av. Passos com Buenos Aires que temos um elemento importantíssimo da foto. Ao contrário do gigantesco estacionamento que temos hoje, tomando um quarteirão inteiro no Corredor Cultural a foto nos mostra mesmo que parcialmente os dois prédios que ali existiam. Conseguimos vislumbrar a fachada do velho prédio do Tesouro, construção do sec. XVIII, que sempre abrigou o tesouro, primeiro da colônia, depois do Império Português, depois do Brasileiro e por último o Ministério da Fazenda. Que depois de sua transferência para o novo edifício da Av. Pres. Antônio Carlos o demoliu, mesmo na época sendo centenário o edifício. Mas ao seu lado da Travessa das Belas Artes, já havia um terreno baldio, antes ocupado pela Real Academia de Bellas Artes, demolida nos anos 20, mas que na foto seus telhados ainda podem ser vistos, formando com o prédio do Tesouro, o conjunto urbano desaparecido e substituído por nada, até hoje.
Comments (26)
Um crime essas demolições! Para nada…
Já que não tem nada , pelos menos podiam usar esses acervos de fotos para tentar reconstruir.
Que bom vc postar as fotos da década de 20, maravilhoso!!
Decourt, alguns posts depois no Munumento Rodoviário escrevo sobre os paineis que eram do Portinari. Tenho más e boas notícias.
Bom dia,André.
Como sempre,uma aula,tanto de História,quanto de posicionamento geográfico.
Mas eu tenho uma pequena retificação a fazer,naturalmente sem qualquer pretensão.Até onde sei, a antiga “Imperial Academia de Bellas Artes” foi demolida em 1938,quando as aulas já ocorriam no atual MNBA há cerca de 30 anos.Foi então que se transportou o pórtico para o Jardim Botânico.Como a foto seria dos anos 20,mesmo sem a utilização original,o prédio está lá sim,se você seguir a rua Imperatriz Leopoldina até o atual Centro Hélio Oiticica,verá o telhado transversal em relação à esta mesma rua,inclusive com uma interrupção no meio,onde havia um recuo no terceiro andar,feito para valorizar o pórtico,quando de uma reforma na década de 1880.
Talvez uma resolução maior mostre também as clarabóias.
Waldenir, o prédio da Academia ainda está na foto, mas meus dados davam a sua demolição 10 anos antes do que vc mencionou, praticamente junto do o chafariz da Carioca.
Vamos ter que apurar quando realmente o velho prédio de Grandjean foi para o chão, será que o pórtico não ficou desmontado em algum lugar e só depois foi montado no JB ???
O pior foi ter demolido tudo para nada, uma vez ouvi falar que o terreno seria para a construção da prefeitura do DF, de um plano parecido só sei de um, que ficaria na região do Campo de Santana no desembocar da rua Buenos Aires
Sexta-feira. Dia de aula. Na participação dos alunos, cada um vai descobrindo algo que lhe toca mais de perto: alí não é o prédio da Lutz Ferrando e, do outro lado da rua, a Casa da Borracha? Se não é (ou foi) professor, leva jeito. Recurso audio-visual, exposição inicial do mestre e liberdade para os alunos participarem. Boa metodologia.
André,
Como não estou com documentação aqui,sugiro uma olhada em :
//pt.wikipedia.org/wiki/Academia_Imperial_de_Belas_Artes
Lá também é citado o ano de 1938 para a demolição,embora o pórtico só tenha sido inaugurado no Jardim Botânico dois anos depois.Provavelmente,ficou em algum depósito da Prefeitura.
Realmente,a demolição foi lamentável não só pela perda do edifício em si,mas por diversas pinturas em afresco e em tela maruflada na parede que “desapareceram” antes e durante a demolição,nunca tendo ido para o MNBA ou para a EBA do Fundão.Segundo um antigo funcionário do Museu D.João VI,na referida EBA,o equivalente a duas kombis cheias de pinturas desapareceram só na transferência da EBA do MNBA para a atual Reitoria.
Prestando atenção e anotando tudo!
“Ouvindo” e aprendendo.
Não tinha idéia destes desaparecimentos. É por esse tipo de coisa que está na moda se dizer que tudo tem sido “republicano”. Res + Publica, “Coisa Pública”. São os governos sem cerimônia de por a mão na “coisa pública”.
Tudo leva a crer que o MNBA não foi projetado com intenção de abrigar a EBA. Será que já se pensava em demolir a EBA na época (1904)?
Passeio no Largo da Carioca no “Rio Antigo, e outras mais…”
hppt://www.flaviorio.globolog.com.br
Flávio inicialmente nõa era MNBA, mas sim ENBA.
Só não sei se os planos eram demolir o velho prédio, acho difícil. Passos manteve a velha Biblioteca Nacional, dentre outros prédios públicos. Seu alvo eram as construçòes percárias e pestilentas, ou que impedissem o tráfego na cidade.
Os anos seguintes, principalmente após os anos 20 é que vimos uma onda de demolições sem nexo e sem plano, o que deixou inúmeros terrenos vazios no Centro e em bairros próximos sobras dep lanos urbanísticos nunca concluídos
Flavio M,
Foi sim.O projeto do arquiteto Morales de los Rios previa salas de aula no segundo andar,nas laterais da Galeria de Moldagens (são as atuais salas de exposições temporárias,uma Biblioteca ( onde é a Sala do Barroco Italiano)e uma série de outros salões com funções específicas,por exemplo,a Sala dos Professores era aonde está a pintura Descobrimento do Brasil.
E a Escola funcionou lá,a Arquitetura foi transferida para a praia Vermelha em 1950,mais tarde todos passaram para o Fundão,aí pelos anos 70.
Quanto a demolir o prédio do Grandjean,creio que não.Mas as fontes da época falam que ele estava sujo e mal conservado,com iluminação insuficiente para as atividades da Escola,desabamento de reboco,etc.
Igualzinho ao Pamplonão nos anos 80.Quem estudou na EBA sabe o que eu quero dizer.
É verdade… Lendo o André e o Waldenir, me lembrei de ter lido que o projeto de Morales de los Rios era para Escola, já pensando em substituir o antigo prédio. Que planos será que eles tinham, em 1904, para o prédio da antiga Escola? E por que o prédio ainda sobreviveu tanto?
Conheci e fui algumas vezes à EBA, na década de 70. Tinha alguns bons amigos lá…
http://www.flaviorio.globolog.com.br
Então quer dizer que aquele vazio na Av. Passos já tem cerca de 80 anos? Demoliram tudo pra nada? Lamentável!
Tem alguma razão a não-ocupação desse terreno por tanto tempo?
Tem também um terreno enorme ali na Rua do Senado que parece estar vazio há décadas, em algumas partes se vêem restos de fachadas ecléticas como as das casas próximas.
O que seria o “Pamplonão”? Alguma parte do prédio da Reitoria da UFRJ? Conheci razoavelmente a atual EBA, tem uma amiga minha que estudou lá ao mesmo tempo em que eu frequentava o CT.
http://fotolog.terra.com.br/rafael_netto
abraços meu email é [email protected]
Wilson
E tristemente aonde havia a tradicional Lutz Ferrando, hoje encontramos uma Kalunga!
Evelyn! Você é a única que me dá atenção. Ops! Kalunga! Saudosismos a parte, Kalunda tem bons preços. Foi lá que comprei meu scanner. Agora estou escaneando tudo. Fotos que eu nem sabia que tinha.
Wilson
Eu sei bem como é isso, a pergunta ou o comentário fica no ar e só o ecccooo como resposta, rs
Eu havia comentado isto no post de ontem,aí repeti aqui p/ vc ler, caso não voltasse lá.
Em relação à Casa da Borracha, lembro que havia ali, mas não sei exatamente a localização, era ao lado ou em frente à Lutz Ferrando?
(os horários aqui estão em outro fuso…)
Acho que, seguindo a Rua dos Andradas, a Lutz ficava na esquina, a direita, e a Casa da Borracha um pouco adiante, do lado oposto (direita de quem vai na direção da Buenos Aires) da Andradas. Parece que ficava, também, numa esquina. Alguma coisa como a Praça Monte Castelo ou o Beco do Rosário.
Puxa! O esforço quase fundiu meus neurônios de 68 anos!
Obrigada,Wilson.68 anos cronológicos, jovem na memória!
Muito legal! Esta é quase um mapa do Guia Rex da região!
Evelyn.
Não sou um usuário contumaz da internet, portanta só percebi seu auxílio hoje.
Obrigado a vc. e Wilson.
Sou da área da saúde, como perguntou.
Trabalhei com o gurú Bertoni.
Deixei tb. um post na foto do dia 14.
Abraços aos dois.
Honorio Vargas
Foi um prazer poder colaborar com a pesquisa em campo.
Tb sou da área da saúde.
Abs
Muito boa a foto, pena que para montar essa foto hj pelo GE, fica muito ruim devido a inclinação.
www.flickr.com/photos/baldoino