Rua Itapiru, 1967

andredecourts foton från 2006-01-23

Há exatos 39 anos a cidade contabilizava os estragos de mais um início de verão com fortíssimos temporais, em 1966 no dia 2 de janeiro um violentíssimo temporal, matou quase 500 pessoas, com desabamentos e inundações em toda a cidade, houve desabamentos em várias favelas, e também em áreas de classe média, como os 3 prédios na região da General Glicério que foram abaixo levados pela torrente de lama e pedras que se desprendeu do morro D. Marta, em Santa teresa as linhas de bondes do Silvestre e Dois Irmãos foram seriamente danificadas e não mais circularam em carater comercial, perdurando até hoje.

Em 1967, depois da demonstração do colapso da cidade no ano anterior, o dia 20 de Janeiro, dia do padroeiro, o qual o feriado tinha sido mudado para outro dia, uma sequência de dias de fortíssimo temporal imobilizaram a cidade novamente, mais de 500 vítimas fatais foram feitas nesses temporais, que foram praticamente contínuos. Favelas inteiras desceram dos morros levadas por lama e lixo, o sistema de trasporte entrou em colapso, e os danos se espalharam por toda a cidade, do Centro ao Méier as ruas ficaram intransitáveis, os trêns pararam, em Santa Teresa as linhas de bonde foram seriamente danificadas e no Alto da Boa Vista os danos fizeram o sistema se extinguir de vez.
Os bairros no entorno do maciço da Tijuca foram os mais atingidos, em morros como o do Salgueiro foram mais de 70 mortos, na Rocinha uma pedra se desprendeu e promoveu uma avalanche de terra, lama, lixo e barracos, mais de 20 foram mortos. Mas as mortes não se limitaram nas fraldas da Tijuca, na ladeira dos Tabajaras um desabamento matou 40 pessoas e a força da água destruíu toda a pavimentação da parte alta da rua Santa Clara, os desmoranamentos atingiram também muitas casas que ficavam no lado impar da rua nos pés do morro dos Cabritos.
Em pouco mais de um ano a chuva promoveu mais de 1000 mortes numa cidade talvez menos preparada, mas com muito mais cobertura vegetal e com suas encostas menos ocupadas do que hoje, curiosamente no bairro de classe média, onde os prédios desabaram, só hoje que os terrenos começam a ser ocupados e o local onde começou o deslizamento é ocupado por uma APA, a qual o governo do estado quer destruir incentivando a expanção da favela D. Marta em direção a Laranjeiras. Já nas favelas onde o grosso morreu, fora políticas de remoções na época, que extinguiram com algumas, como, a da rua Macedo Sobrinho, que produziu muitas fatalidades, todas foram ocupadas de novo, e pelas bençãos do populismo político que desgraça essa cidade, aguardam novas tragédias como as de 1966 e 1967.
Essa foto nos mostra a rua Itapiru, tomada pelos monturos de lama e lixo, dias após as fortes chuvas.

Comments (26)

Luiz D´ 2006-01-23 07:23 …
Lembro-me bem destes temporais.
A queda de uma grande barreira na Estrada das Canoas deixou-nos ilhados lá na Gávea Pequena por uns dois dias.
Dois anos seguidos de muita chuva e grandes tragédias.
jban 2006-01-23 07:44 …
Me lembro que passávamos as férias de Verão em Itaipava e não pudemos vltar ao Rio, nem conseguiamos falar com a familia, por que os telefones emudeceram completamente. Foram dias de angústia. Meu pai desceu dias depois para trabalhar e ver os estragos, é somente quando as coisas começaram a se normalizar e que voltamos para casa.
Rafael Netto 2006-01-23 08:05 …
Essa história de “vingança de S.Sebastião” aconteceu em 1967?
Eu sei que houve algo parecido nos anos 80/90, quando o Governo (federal?) resolveu instituir a antecipação dos feriados para segunda-feira (igualzinho a uma certa nação do Norte…). Como a reclamação, principalmente da Igreja, foi muita, acabaram voltando atrás e no fim apenas os feriados municipais eram antecipados. Até que no dia de um feriado antecipado de S.Sebastião ocorreu um violento temporal. Nunca mais mexeram nos feriados…
http://fotolog.terra.com.br/rafael_netto
photomechanica 2006-01-23 08:59 …
Tragédias…
André, eu me lembro de ver um pedaço grande da Estrada das Canoas ir por água abaixo numa destas tragédias, deve ter side nesta época mesmo. Hoje este trecho da estrada está reconstruido com um traçado diferente e fica bem próximo daquele clube de bebedores de chá, o Saint Daime’s Country Club.
s1mone 2006-01-23 09:01 …
Vários prédios e casas tombaram em Santa Teresa também. Até hoje, nenhum destes pontos foram ocupados novamente, nem por favelas. Ainda dá para ver algumas escadas de cimento entre a vegetação que cresceu no lugar.
[]s
betotumminelli 2006-01-23 09:07 …
Imagina um temporal desses atualemnte com a quantidade de favelas nos morros cariocas…
Julia Cunha 2006-01-23 09:10 …
Em 67 ninguém apareceu na minha festinha de aniversãrio por causa da chuva,a Sá Ferreira virou um rio caudaloso e até a av, Atlantica encheu.
http://www.flickr.com/photos/julinha
leflaneur 2006-01-23 10:02 …
Desculpe, Beto, mas um temporal desses com a quantidade de favelas nos morros não causaria grandes danos nelas. Já o asfalto sofre com qualquer chuvinha. A Djalma Ulrich é a testemunha disso, qualquer chuva e ela vira um canal de lixo a céu aberto.
totenklage 2006-01-23 10:04 …
Pois é, naquele tempo ainda havia chuva nessa cidade… Tragédias à parte: saudades…
edubt 2006-01-23 10:12 …
Lefla,
eu sei… a Djalma vira um rio caudaloso de lama e lixo vindo da favela (sempre elas). Ali naquela praça interna do Ed Libano vira um mar. Tudo vai em direção à Atlantica, mas chega na minha rua, Aires Saldanha, e acaba por alagar ela tb…
photomechanica 2006-01-23 10:28 …
Obrigado por me apresentar aos “monturos” de lama e lixo.
:-))
Rafael Netto 2006-01-23 11:08 …
Na época as favelas sofriam muito mais, pois eram formadas de barracos de madeira e zinco. Hoje em dia é tudo construído em estrutura de concreto, com fundações e vigas, só caem se desbarrancar tudo, ou se caírem pedras por cima. Mas eu acho que a própria favela ajuda a segurar os morros no lugar.
http://fotolog.terra.com.br/rafael_netto
Leflaneur 2006-01-23 13:14 …
hahahahaha… Rafael, vc deve estar certo, as favelas seguram os morros no lugar. O asfalto é que está indo embora da cidade por causa delas…
jban 2006-01-23 15:21 …
Aí, me manda em alta que eu quero identificar a marca do farol esquerdo do ônibus. Parece serum tipo raro… :-)))
Belo registro. Bem lembrado, André !
andredecourt 2006-01-23 17:55 …
Rafael, no temporal de 66 meu pai estava construindo uma casa de alto padrão para um cliente na rua Itamonte no Cosme Velho, a casa já quase pronta foi atingida pelo desabamento de uma barreira, sabe o que sobrou dela, só os alicerces, nem os tacos ou cerâmicas dos banheiros e cozinhas ficaram no lugar, o morro atrás antes com luxuriosa vegetação ficou na pedra lisa.
Outra casa da mesma família, em terreno próximo só foi salva pois as grandes árvores que estavam na encosta caprichosamente tombaram na horizontal na entrada do pátio central da casa que era em U protejendo a casa do grosso da lama, mas toda a mobília da casa foi levada e até peças sanitárias foram arrancadas por o que era uma pequena parte da torrente, que arrebentou paredes, um carro que estava estacionado na garagem que era aberta, foi encontrado destroçado perto do largo do Boticário.
Vc acha que uns barracos segurarão uma tromba dessas, eles é aumentarão a avalanche morro abaixo
leflaneur 2006-01-23 18:40 …
André, favela não cai, não. Se cair o puder “púbico” vai lá e remonta. No asfalto, estamos à mercê de nossa própria “riqueza”. Somos tão ricos, mas tão ricos, a classe média, que estamos nos mudando para as favelas, pouco a pouco.
analuciafrusca 2006-01-23 19:13 …
Me lembro um pouco das enchentes que atingiram o Rio de Janeiro de janeiro de 67. Era ainda criança e lembro da rua ao lado da minha casa ter virado um rio, com correnteza e tudo.
O governo acaba sendo co-autor da ocupação insegura das encostas por barracos sem a mínima estrutura, uma vez que todos vêem essas construções em seu início e nada fazem para inibir.
Quando ocorrem desabamentos, acaba sendo um dos responsáveis por conivência consentida silenciosamente. E, acabamos sendo nós, os que pagam impostos, os responsáveis por reabrigar essas famílias.
Se for uma casa de alguém de classe média ou classe média alta, construída em alguma encosta, com alvará para obra, engenheiro responsável, pagamentos de todas as guias, a perder a construção em um desabamento, aí a coisa muda: é o famoso “Vire-se!” O máximo que fazem é condenar a construção e ponto final.
As favelas não “seguram” as encostas, muito pelo contrário, ao eliminar a vegetação para construir os barracos põem em perigo as encostas, sem as raízes que antes as sustentavam e drenavam a água da chuva. O lixo jogado pelas encostas por esses ocupantes de favelas constitui matéria em decomposição que torna ainda mais fofo o terreno em declive e nesses locais é ainda maior o risco de desabamentos.
Fora o fato de que barraco não tem alicerce, é construído na base do “cafofo” superficial.
Rafael(Broinha) 2006-01-23 20:51 …
concordo com a analucia,que disse acima que a favela não segura o morro.o que segura é a vegetação,que segura o solo,com a destruição da mesma,qualquer chuva de grandes proporções faz td vir abaixo,no sentido real da palavra.
quanto aos temporais citados hoje,bem,não era nascido,mas ja ouvi relatos dos meus avós que em um deles ficaram presos no elevador do predio onde moravam,na rua 2 de dezembro,por 1 tarde inteira,por que caiu a luz em virtude do temporal.Foi um sufoco e tanto!!
1 abraço
Rafael 2006-01-23 20:55 …
foi em 1967 a ocasião em que ficaram presos no elevador,minha avó,que tem claustrofobia passou por maus momentos.acabei de consultá-la pra me certificar o ano
1 abraço
leflaneur 2006-01-23 22:17 …
Não entendi o Rafael. Ou bem ele acha que as favelas seguram as encostas ou bem não acha. Desculpe, mas será isso síndrome de Lulla? Achar o que pensa que a maioria pensa que acha?
Favela é um horror, isso não pode existir. Não sou contra pobre. Sou contra o uso da idéia da pobreza, que tem na favela seu carro abre-alas. Concordo com vc, analucia, foi isso que eu disse. Se acontecer no asfalto, dane-se. Já se for na favela (onde há casas com antenas parabólicas e todo o conforto do asfalto sem pagar IPTU ou qualquer outra taxa), aí é diferente. Nós, do asfalto, pagamos. Gostando ou não.
Rafael(Broinha) 2006-01-24 00:27 …
amigo Leflaneur,creio que estás confundindo os Rafaéis,meu xará Rafael Netto disse lá em cima que as casas que compoem a favela hoje em dia estão menos vulneráveis por serem de alvenaria,e agora quem afirmou que a favela destroi a vegetação e facilita os desabamentos fui eu,o outro Rafael(ja chamado outrora de”Rafael Junior”)que vez por outra bate ponto por aqui,chegando atrasado e ficando de pe´,ja que o pessoal mais assíduos ocupa as cadeiras antes(o que pra mim é um privilégio,mesmo de pé participar das conversas que rolam aqui)…hehehehe
1 abraço
Rafael 2006-01-24 00:53 …
ops,ali acima quis dizer”mais assiduo”,errei a concordancia…
Keila 2006-01-24 01:18 …
A minha mãe chegou ao Rio (vinda do Pará) exatamente no dia 1º de janeiro de 1966, mas não me lembro de ela ter se referido às chuvas desse ano alguma vez.
Em 67 ela trabalhava na Usina, e viu de perto os resultados das chuvas. A Av, Edson Passos virou um rio de correnteza violentíssima, q arrastava inclusive ônibus. Ela sempre conta isso pra mim.
Caraca, não é que mal bati o olho na foto e reconheci o lugar?!
Leflaneur 2006-01-24 06:15 …
Desculpe, Rafael, mas entre um Netto e um Junior, é natural a confusão desse véio aqui… rs
fsarmento 2006-01-24 06:58 …
Vida de busun!!! Aí, ainda tô com um sono tenebroso…=O
Leonardo 2006-01-29 08:10 …
Nesta foto vemos um Cermava da antiga Viação Catumbi, na linha 201 ou 202 descendo a Rua Itapiru em meio aos destroços…
É fácil identificar a rua e o local, pois quase nada mudou. Quem passou por lá depois do temporal de 2006 viu praticamente a mesma cena de 1966.